quinta-feira, 15 de março de 2018

Polícia? Que Polícia? (Por Sidney Pinho Junior)

O que mais estarrece e provoca profunda indignação é que, boa parte da sociedade apoia a violência policial, a truculência e o abuso de autoridade batendo nas portas das pessoas, consideradas por esta minoria facínoras, bandidos desqualificados, quando na verdade são as pessoas de bem que trabalham, que lutam pelo pão de cada dia, sem a devida assistência do estado, omisso e covarde, opressor e mantenedor de uma polícia assassina, cruel e que não tem dignidade por conta de uma nação apodrecida, corrupta e viciada em enganar os cidadãos!

A classe média, refugiada em seus apartamentos financiados pelo sistema econômico que escraviza a todos, pensa ser parte das elites e se sente imune aos desmandos da polícia repressiva e anti-cidadão, mas no fundo sabe que ao sair às ruas das cidades brasileiras, não apenas no Rio de Janeiro, está correndo o risco de não voltar para casa, podendo como qualquer um, pobre, favelado, morador de comunidade ou não, acabar sendo vítima de uma polícia que cada vez se faz mais perigosa que a própria bandidagem!

A república, imposta aos brasileiros no golpe de estado de '15 de novembro de 1889, já nasceu viciada em preconceitos, tendo sido construída sob os alicerces da desigualdade, da impunidade e da sanha de poder das elites que nunca quiseram construir uma nação rica e próspera…

Os oligopólios se multiplicaram e cresceram explorando o cidadão comum, promovendo desigualdades e construindo muros sociais que legaram uma sociedade frágil, limitada e vivida em sofrer sem nunca dizer nada; transformada em gado, em servis conformados, encangalhados, colonizados e escravizados por políticas que não foram feitas para uma nação livre, pas para um país servil, alinhado e subserviente aos impérios capitalistas selvagens!

Hoje, estamos testemunhando o resultado, ainda parcial, mas absolutamente aterrador do que nos foi imposto nestes 129 anos de república, espúria e sem alma… um estado onde ser “cidadão de bem” é cultivar o preconceito indiscriminado, é valer-se das parcas benesses concedidas por um estado impostor, mentiroso e explorador e sentir-se parte dos privilegiados, de uma elite a qual jamais pertenceram, mas que insistem em acreditar!

Mas não se iludam pois o pior ainda está por vir… depois de rasgarem a CLT, extinguir o salário mínimo à partir da lei da terceirização e do trabalho intermitente, criando um novo estado escravocrata, de transformarem o ensino médio em indústrias de operários que jamais terão acesso ao ensino superior, reservado aos filhos dos poucos privilegiados de classe média, estão acelerando todo o processo de elitização definitiva de uma nação que jamais existiu!

Voltando a polícia, se construiu uma instituição de repressão e de formação destrutiva, onde uniformizada de soldadinhos de chumbo foram se investido de autoridades intocáveis e impunes, contra a sociedade e os cidadãos que ao invés de serem reconhecidos como tal, são tratados como suspeitos, criminosos, já que o estado perpetuou o crime como seu principal princípio de atuação, executando e levando aos cidadãos suas culpas e mazelas.

Não gritem contra os PM´s, não gritem contra os policiais civis, os federais, rodoviários federais e os mal preparados guardas civis, mas berrem e esgoelem-se contra o estado brasileiro, contra as autoridades constituídas que jamais pensaram que a educação é verdadeiramente transformadora, construtora e financiadora de uma nação, gritem contra as oligarquias que querem continuar enxergando o mundo de cima de seus privilégios espúrios de suas empáfias elitistas e que jamais pensaram em ter um país de verdade!

Não podemos culpar a omissão e o conformismo da classe média, pois talvez sejam eles as maiores vítimas sociais do modelo republicano capitalista inconsequente, que valoriza o ter e despreza o ser, transformando pessoas de bem em indivíduos egoístas, sem amor ao próximo e fechados ao clamor de uma sociedade pobre e que agoniza em direção ao cada falso…

Haveremos que nos despir de tudo que aprendemos e acreditamos até aqui, despimos-nos de todo preconceito, de todo desamor, mas principalmente despimos-nos da ganância, do incontrolável desejo do ter, a qualquer custo e a qualquer preço, pois somos todos vítimas de nós mesmos, que acreditamos num estado que não existe, numa justiça que trabalha em favor de poucos, na classe política que já nasceu tão podre quanto a república tupiniquim que nos oprime a todos… precisamos de coragem para dizer não e colocarmo-nos em marcha de resistência, marcha pela cidadania, pelo direito, pelos deveres negligenciados que nos aviltam com as mais cruéis formas de humilhação!

Não é mais uma questão de ser de esquerda ou de direita, de ser contra ou a favor de Lula, de Serra ou de Bolsonaro, não, não é mais uma questão de escolha pessoal, mas de sobrevivência coletiva, é questão de segurança nacional, pois já passa da hora de construirmos uma nação para todos n´s indistintamente, pobres ou ricos, brancos, negros e pardos, de esquerda e de direita, sem impormo-nos preconceitos que só nos separaram, gerando mágoas, desentendimentos e morte, muita morte!

O Brasil tem que ser revisto, a república tem que ser condenada por todos os seus crimes, por todas as atrocidades que nos impôs por mais de um século e, não podemos perdoar àqueles que querem cortar nossas cabeças, condenar nossos filhos ao inferno que se aproxima, mutilando nossas vidas e nos condenando ao fim que está nos devastando!

Unimo-nos todos, não por este Brasil, mas pela nação que ergueremos das cinzas podres da República covarde.







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