sexta-feira, 30 de junho de 2017

Aécio (Por Ernesto Xavier)

O ministro Marco Aurélio Melo devolveu ao senador Aécio Neves o direito de voltar às suas funções parlamentares.

Não adiantou áudio, filmagem, rastreamento do dinheiro, denúncia, recibo, nada.

Para prender ou manter alguém como Aécio longe do seu cargo, seria necessário que Deus, Khrishna, Jesus, Alá, Oxalá e todos mais viessem à Terra e chamassem essa galerinha "honesta" da justiça brasileira pra conversar.

Para o Aécio ser considerado culpado, só se ele tivesse nascido no hospital Pedro II, em Santa Cruz e sido criado em Antares com amiguinhos pobres, pretos e sem qualquer diploma. Aí sim Aécio seria preso!!

Mais ou menos assim, pois Aécio não teria chegado ao Senado. Aécio não teria sido candidato à presidente, não seria presidente do PSDB, não teria juízes lhe defendendo, não conseguiria entrar num shopping, nem nos hotéis de luxo que ele frequenta. 

Não teria apartamento em São Conrado, não seria amigo do Joesley, não poderia pedir 2 milhões a ele, não entraria com pedido de impugnação da chapa Dilma/Temer no TSE, não seria amigo íntimo do Gilmar Mendes.

Aécio seria só mais um pretinho da favela. Ouviria "bandido bom é bandido morto". Não teria panela pra bater e nem camisa da CBF. Aécio seria um dos 13,8 milhões de brasileiros desempregados.

Aécio tomaria porrada da polícia, seria revistado todo santo dia na entrada do seu bairro, tomaria uma "bala perdida" pelas costas, seria enterrado sem honras e com o sorriso daqueles que primeiro atiram e depois perguntam quem era.

Mas Aécio é Neves. Neto de Tancredo. Playboy mineiro em terras cariocas. A imagem do sonho brasileiro. Um sonho baseado nos privilégios que todos desejavam ter, mas que só Aécio e seus parceiros podem desfrutar.

Bem-vindos à nossa Capitania Hereditária!



Ernesto Xavier é ator, jornalista e escritor. Autor do livro "Senti na pele".

















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