sexta-feira, 24 de junho de 2016

O discurso da xenofobia em alta (Por Thiago Muniz)

Xenofobia significa aversão a pessoas ou coisas estrangeiras.

O termo é de origem grega e se forma a partir das palavras “xénos” (estrangeiro) e “phóbos” (medo). A xenofobia pode se caracterizar como uma forma de preconceito ou como uma doença, um transtorno psiquiátrico.

O preconceito gerado pela xenofobia é algo controverso. Geralmente se manifesta através de ações discriminatórias e ódio por indivíduos estrangeiros. Há intolerância e aversão por aqueles que vêm de outros países ou diferentes culturas, desencadeando diversas reações entre os xenófobos.

Nem todas as formas de discriminação contra minorias étnicas, diferentes culturas, subculturas ou crenças podem ser consideradas xenofobia. Em muitos casos são atitudes associadas a conflitos ideológicos, choque de culturas ou mesmo motivações políticas.

Há vários motivos para se lamentar a saída do Reino Unido (mais desunido do que nunca) da União Européia. O menor continente do planeta é historicamente o mais salpicado de guerras e litígios por metro quadrado. Quando o Tratado de Maastricht instituiu a União Européia em 1993, a Humanidade experimentava a utopia da paz entre 27 países distintos, desiguais, porém sujeitos desde então às mesmas regras gerais (que extrapolam apenas a unidade monetária).

A onda de intolerância fez com o Papa Francisco, recém ungido à condição de líder espiritual dos católicos, escolhesse como destino da primeira viagem oficial de seu pontificado (em julho de 2013) a Ilha de Lampedusa, na Itália, porta de entrada de centenas de milhares de imigrantes na Europa.

"Tende a coragem de acolher aqueles que procuram uma vida melhor”, pediu o Papa. O apelo continua ecoando sem efeito no velho continente.

A luz vermelha já está acesa. Antes as pessoas tinham pudor de expressar a rejeição aos imigrantes e estrangeiros residentes, mas agora tudo é falado abertamente, sobretudo na Inglaterra, Áustria e nos países do norte da Europa. Os franceses das "grandes cidades" sao sempre mais diplomatas com relação a imigração, porém basta ir um pouco mais para o interior do pais e ver que realmente o sinal vermelho já está bem aceso.

Xenofobia em alta. Curiosamente, na 2ª Guerra Mundial, navios abarrotados de europeus (especialmente franceses) desembarcaram milhares de refugiados do velho continente no norte da África (especialmente Argélia) que acolheu essa gente toda.

O êxito dos separatistas britânicos parece ter origem na aversão à chegada maciça de imigrantes (que hoje somam mais de 8 milhões no Reino de Sua Majestade). A vitória do "Brexit" ocorreu apenas 3 dias depois de a ONU anunciar que o número de refugiados no mundo inteiro alcançou a impressionante marca de 65 milhões de pessoas fugindo de guerras, perseguições e torturas. Isso dá uma média de 24 novos refugiados a cada minuto, algo parecido com o que houve durante a 2a Guerra Mundial. Uma gigantesca crise humanitária.

Há vários motivos para se lamentar a saída do Reino Unido (mais desunido do que nunca) da União Européia. O menor continente do planeta é historicamente o mais salpicado de guerras e litígios por metro quadrado. Quando o Tratado de Maastricht instituiu a União Européia em 1993, a Humanidade experimentava a utopia da paz entre 27 países distintos, desiguais, porém sujeitos desde então às mesmas regras gerais (que extrapolam apenas a unidade monetária).

Mais que o tratado de Maastricht, o acordo de Schengen aproximou a UE da utopia. A livre circulação entre os Estados membros é uma demonstração de maturidade, responsabilidade e segurança na escolha feita. Parece que a Grã-Bretanha não consegue entender a importância dessa maturidade.

O discurso da direita britânica é cópia mal feita do discurso xenófobo do Trump. Elege-se como inimigo comum o "estrangeiro". É uma receita infalível para obter rápida popularidade, assim como declarar guerra a um outro país. Londres é a capital mais cosmopolita do planeta graças a essa caprichosa combinação de culturas e etnias. O que seria dos Estados Unidos sem os mexicanos? Fizeram até um filme bem humorado sobre isso anos atrás ("Um dia sem mexicanos / 2004"). A crise climática vai agravar a questão dos imigrantes. São outros tempos que exigem outras políticas. Gente mais qualificada, a altura dos novos desafios.

O problema é que todos hipocritamente atacam a consequência (o êxodo de refugiados) e não a causa (tirania, fome, guerras). Os próprios refugiados que correm das perseguições nos seus países, querem aplicar suas leis próprias nos países que os acolhem, e condenam os comportamentos dos cidadãos que os recebem... Enquanto durar essa epidemia politicamente correta de não dar nome aos bois e punir quem não respeita regras (de ambos os lados), não há saída verde para esse sinal.

Lei de Sociedade; Essa decisão sem sombra de dúvidas terá consequências negativas para o Reino Unido. Os reflexos psíquicos da egolatria e do orgulho monárquico e imperialista sempre se sobrepôs contra a fraternidade, a solidariedade e o amor universais. Numa dimensão maior que se distancia da nossa, as rédeas da condução dos destinos da nossa Humanidade não está nas nossas mãos (nas mãos do Reino Unido ou dos EUA). Pois, ir contra as Leis que nos regem é contrair dívidas para depois ter que pagá-las a juros compostos. Cedo ou tarde eles terão uma retomada de consciência.

Tomar decisões como esta do Reino Unido, sob influência mais emocional (egoísta eu me atrevo a dizer) do que racional, é sempre perigoso. A União Europeia, apesar de alguns equívocos, é o maior projeto integracionista da humanidade, em todos os tempos. Alexandre, o Grande; o império romano; Napoleão, tiveram a oportunidade de semear a união de forças, e fracassaram. A UE avançou neste sentido, não sem errar, mas avançou. O momento atual do planeta pede união de forças, e não a desintegração. Lamentável. Triste. Sinais amarelos todos piscando e berrando no painel de controle.

O que vemos acontecer em escala planetária é o mais do mesmo, inclusive no Brasil. A indiferença dos que têm muito aos que nada ou quase nada têm é grave e, talvez, a nossa omissão diante daquilo que presenciamos pode nos tornar tão indiferentes quanto aos que assim pensam e agem. É uma questão de escolha. Ou empoderamos os despossuídos, alimentando seus corpos, suas ideias e ideais, ou a omissão nos coloca do lado dos opressores.













BIO

Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor e do blog Eliane de Lacerda. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para: thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.




2 comentários:

  1. Prezado Thiago, boa tarde.

    Concordo com grande parte das informações do artigo porém, por gentileza, informe a origem da informação da imigração de europeus para o norte da Africa. Segundo informações históricas, o norte da Africa estava em guerra de setembro de 1940 a maio de 1943. Em qual período teria ocorrido esta imigração?

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    1. Boa tarde!

      Desculpe não ter citado as minhas fontes. Foram o jornal El Pais e os portais DCM, DW e Superinteressante.

      O período desta imigração foi entre Entre 1933 e 1941.

      Grande Abraço.

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