quarta-feira, 22 de junho de 2016

A inércia do povo nas ruas (Por Thiago Muniz)

São mais de 500 anos de PLUTOCRACIA E CLEPTOCRACIA, a Democracia Representativa é usada como ferramenta de espoliação dos cofres públicos e tráfego de influências, independente de ideologias, se são de esquerda ou direita, estão todos envolvidos no mesmo jogo de privilégios e furto da esperança brasileira.

Quando estiver na deprê, lembre-se que muita gente vestiu a camisa "a culpa não é minha, votei no Aécio", que milhares usaram a hashtag #somostodoscunha e que uma multidão de patinhos amarelos acreditou na independência do MBL.

Está todo mundo indo pro buraco. Prometeram a "Disneylandia" com o impeachment, mas entregaram o Afeganistão, com todo respeito àquele país. Não sei qual investidor vai colocar dinheiro em um lugar onde muda-se de governo ao sabor dos esperneios da população, políticos e grupos de mídia. É só pensar um pouquinho. Não dói.

A minha impressão é que foi uma fortíssima antipatia contra o governo Dilma, independente se merecia ou não ser afastada. O brasileiro na verdade pouco se importa com a corrupção, estão na verdade mais ligados ao carisma da pessoa no cargo público. Os fatos demonstram isso.

Ainda há pouco, em nome do combate à corrupção, milhões de pessoas manifestavam-se pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. Batiam panelas vazias, acampavam em parques, soltavam foguetes, desfilavam indignadas pelas vias públicas, cerravam fileiras, agressivas, nas mídias sociais. 

Após o afastamento de Dilma, no dia 12 de maio, um denso nevoeiro baixou sobre o país. O silêncio das ruas e avenidas espelha com clareza que os protestos nunca visaram o desmando que tomou conta da máquina do Estado, mas tão somente refletiam o inconformismo dos que perderam as eleições. Pura hipocrisia.

Se fosse uma reivindicação honesta, os manifestantes estariam novamente nas ruas e avenidas acompanhando os carros de som, ou nas varandas das residências munidos de panelas ou no Facebook, Instagram e blogues conclamando os cidadãos para continuar a luta pela decência e a dignidade na política. Afinal, em apenas um mês como presidente interino, Michel Temer teve de afastar três ministros – Romero Jucá, do Planejamento; Fabiano Silveira, da Transparência; e Henrique Eduardo Alves, do Turismo – por envolvimento com denúncias de corrupção, um recorde na história recente da República. Outros cinco ministros – Geddel Vieira Lima, da Secretaria de Governo; Mendonça Filho, da Educação; Raul Jungmann, da Defesa; Bruno Araújo, das Cidades; e Ricardo Barros, da Saúde – também são investigados pela Operação Lava-Jato.

Aliás, o próprio Temer viu seu nome envolvido em denúncias de corrupção. O ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, afirmou em depoimento que o presidente interino pediu R$ 1,5 milhão de propina para financiar a campanha de Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo em 2012 – esse mesmo Chalita que agora é candidato a vice-prefeito na chapa liderada pelo petista Fernando Haddad. 

Temer torna-se assim apenas mais um ocupante do cargo máximo da política brasileira a ter seu nome ligado a falcatruas. Todos os presidentes do período da chamada Nova República (iniciado com o fim da ditadura militar) estão sendo investigados por suspeita de corrupção: do peemedebista José Sarney ao petista Luiz Inácio Lula da Silva, do livre-atirador Fernando Collor ao tucano Fernando Henrique Cardoso.

A única pessoa que não teve – até agora – seu nome envolvido em práticas ilegais é justo a presidente Dilma Rousseff, ironicamente a única punida até o momento. Seu afastamento se deu por uma irregularidade fiscal, manobra efetivada por pelo menos 16 dos atuais governadores, um crime menor diante do saque aos cofres públicos perpetrado por políticos de todos os partidos. É como se alguém que tivesse ultrapassado o sinal vermelho fosse condenado por um júri formado por ladrões, falsários e fraudadores. 

Dilma sem dúvida vinha fazendo um governo desastroso, inábil do ponto de vista político e incompetente no âmbito econômico, mas a maioria dos manifestantes saiu para as ruas para demonstrar sua revolta contra a perda de privilégios, não por se escandalizar com a roubalheira que grassa no país acima de todas as ideologias.

Os movimentos que lideraram manifestações pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff – dizendo-se apartidários e assentados em discursos pela ética e contra a corrupção – sempre se recusaram a prestar contas sobre a origem do dinheiro gasto na organização dos protestos. Hoje sabe-se, por exemplo, que o Movimento Brasil Livre (MBL), encabeçado pelo empresário Renan Santos (filiado ao PSDB até o ano passado), teve financiamento e apoio logístico dos partidos de oposição (DEM, PSDB, SD e PMDB). 

E que Renan Santos é réu em 16 ações cíveis e em mais de 45 processos trabalhistas – as acusações incluem fechamento fraudulento de empresas, dívidas fiscais, calote em pagamento de débitos trabalhistas e em ações por danos morais, em um total de R$ 4,9 milhões. O MBL anunciou que lançará candidatos, por vários partidos, às eleições deste ano.

Já o movimento Vem pra Rua foi criado em 2014 por um grupo de empresários para apoiar a candidatura do senador tucano Aécio Neves à Presidência da República. Seu principal articulador, Colin Butterfield, é presidente da Radar SA, do grupo Cosan, uma das maiores empresas privadas do Brasil, com negócios nas áreas de lubrificantes e produção de etanol, dona da Comgás e da Rumo, líder mundial de logística de açúcar para exportação. A Radar administra 270.000 hectares espalhados em oito estados, dedicados ao plantio de cana, soja, algodão e milho. 

O Revoltados On-Line, gerenciado pelo empresário Marcello Reis, que não esconde sua simpatia pela ideia de intervenção militar como solução para o Brasil, tem ligações com o deputado fascista Jair Bolsonaro (PSC-RJ), pré-candidato à Presidência da República. Marcello Reis, que foi recebido pelo ministro Mendonça Filho, junto com o ator pornô Alexandre Frota, para discutir os rumos da educação brasileira, vende em seu site camisetas, bonés e adesivos sem nota fiscal.

O povo que botou a camisa da CBF pra ir pra rua, é uma gente que nunca precisou ir pra rua lutar, foi única e exclusivamente por birra, seletivismo, com pautas conservadoras e elitistas, agora a moda é ser contra a esquerda e contra o PT, mas que sempre esteve na rua lutando e tem um ideal político foi a esquerda, criticando e muito a gestão do PT inclusive, a história vai mostrar quem esteve do lado certo, não há vencedores com a derrubada da Dilma, muito pelo contrário, só serviu pra mostrar como o congresso reflete a nossa sociedade, como o povo não entende nada de política e defende seus algozes de maneira seletiva, vou ter muito orgulho de dizer com meus cabelos brancos que estive do lado da democracia, do lado do povo e não das elites.






BIO

Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor e do blog Eliane de Lacerda. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para: thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.




Nenhum comentário:

Postar um comentário