segunda-feira, 16 de maio de 2016

Nada a Temer... (Por Thiago Muniz)

Sobre a entrevista de Temer: perguntas surpreendentemente pertinentes e o previsível do entrevistado: recusou-se a admitir que afastará o amigão Jucá mesmo se o elemento se enrolar ainda mais na Justiça, poupou o parceiro Cunha, falou das mulheres escanteadas como o "mundo feminino" (aquela visão anos 70)... Aliás, como prova de valorização da mulher disse que sua chefe de gabinete "até" participou da primeira reunião do Ministério.

O detalhe hilariante foi argumentar que a posse é legítima por ter sido eleito na mesma chapa de Dilma, mas tirou o corpo fora quando se aventou a possibilidade de a chapa ser impugnada no TSE. Aí, na interpretação do constitucionalista, vale o cada um por si. Resumo da ópera: não tem marketeiro que resolva. Questão de meses, poucos. PS: em Moema, talvez o bairro mais reacionário de SP, obviamente não houve panelaço. Mas surpreendentes buzinadas quebraram o silêncio.

O grande crime perpetrado contra nosso povo, porque é ideário dos que governam o mundo, é tornar OBRIGATÓRIA a filiação partidária para se eleger. Numa democracia real, os candidatos devem surgir de todos os grupos das mais variadas matizes (grupos de padeiros, cientistas, educadores, músicos, tenistas, botânicos, empacotadores e por aí vai...), assim os partidos e as empresas seriam apenas mais algum grupo. 

Ocorre que em nossa realidade eles não são mais um grupo, pois apenas as empresas, que usam os partidos para camuflarem seus interesses, têm o poder absoluto de colocar comandados nos cargos eletivos, fazendo parecer que a escolha do candidato é feita pelo partido, o qual foi desgraçadamente consagrado como portador de uma "ideologia de representação popular". Tudo com guarida na Constituição de 1988, Art. 14, parágrafo 3º, inciso V. 

Quando o ideário de conceder acesso ao poder a candidatos escolhidos pelo povo estiver consolidado em sua imensa maioria, nos livraremos dos grilhões dos donos do mundo. A propaganda resultante desse processo nefasto, pelo controle absoluto da mídia, e o discurso melífluo dos facínoras a serviço dos dominadores é que fazem a imensa maioria dos habitantes da Terra se esquecerem que são mais de 7 bilhões de indivíduos contra alguns milhões desses criminosos. 

Por isso a necessidade que eles têm de simular fraudulentamente um cenário onde todos devem acreditar que um presidente governa, os parlamentares nos defendem e somos nós que escolhemos tudo isso.

Tinha muita socialite a favor de Temer e agora mostra que no governo dele não tem espaço para o sexo feminino. E o pior é que elas concordam com essa falta de espaço, acham que se deve privilegiar a capacidade sem olhar o gênero. 

Acho que nunca trabalharam e vivem às custas de um homem ou não convivem com mulheres capacitadas, ou são ignorantes mesmo. 

Pra que serve o meu diploma, minha especialização? Quem tem filha mulher então deve pensar em mandá-la para o exterior porque aqui não serão valorizadas ou investir pesado no visual e encaminhá-la para um bom casamento (golpe do baú talvez).

Temer fala em "pacificação do Brasil", mas com paz só para os mesmos de sempre. A esta tentativa de retorno ao arcaico "Ordem e Progresso", negros e negras levantaram cartazes diante da FIESP, a "Casa Grande Moderna". Em um deles, a resposta: "Se a paz não for para todos, ela não será para ninguém".

A imagem do Ministério de Temer produz estranhamento. É como um retrato que já nasce amarelado. Só brancos, só velhos, só homens. Nenhuma mulher, nenhum negro. Esse retrato é uma imagem poderosa porque não representa o Brasil atual.



Quatro polêmicas que marcaram os primeiros dias do governo Temer 

(Fonte BBC)

1. Falta de diversidade

Com a posse de Temer, é a primeira vez desde 1979, quando o país ainda era governado pelo general Ernesto Geisel, que somente homens formam o gabinete de um presidente.

A decisão de se rodear por auxiliares apenas do sexo masculino provocou fortes críticas ao peemedebista. Isso também representa uma quebra de paradigma quando comparado com o governo de Dilma, que, além de ser a primeira presidente mulher do país, nomeou 15 ministras ao longo de seus dois mandatos.

Questionado sobre a ausência de mulheres, o novo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou que "tentamos de várias formas, na parte que dizia respeito à disponibilidade, em várias funções, tentamos encontrar mulheres".

2. Nomeações polêmicas

No primeiro dia como presidente interino, Temer nomeou políticos sob suspeita para cargos-chave em sua gestão.

Dos 23 ministros escolhidos pelo peemedebista, pelo menos cinco tiveram seus nomes ligados à Operação Lava Jato, que investiga o esquema de corrupção na Petrobras. Todos negam as acusações – e a grande maioria deles não é oficialmente investigada.

O único que já teve abertura de inquérito aceita pelo STF (Supremo Tribunal Federal) é o titular do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RR). Ele é acusado de receber propina em obras da Petrobras e da Eletronuclear.

Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), do Turismo, foi citado pelo Leo Pinheiro, ex-presidente da OAS, como beneficiário do esquema. Ele é alvo de dois pedidos de investigação feitos pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Ambos ainda não obtiveram aval do STF para prosseguir.

O ministro de Governo, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), foi ligado à Lava Jato pela mesma OAS. Ex-vice-presidente da Caixa, ele foi citado em mensagens sobre a liberação de recursos do banco à empreiteira.

Os peemedebistas Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretário do Programa Crescer, de parcerias e investimentos) também foram mencionados por delatores.

Há outros ministros que aparecem em planilhas sobre supostos financiamentos apreendidas pela Polícia Federal na casa de um ex-executivo da Odebrecht. Ainda não é possível saber, porém, se tal documento se referia a doações eleitorais legais ou não.

3. Aumento de impostos

Em sua primeira entrevista como ministro da Fazenda, o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles falou sobre a necessidade de aumentar impostos.

Segundo ele, o novo governo deve anunciar medidas "duras" para reverter a tendência de crescimento da dívida pública, que considerou "insustentável".

"O Congresso reflete a sociedade, e a sociedade está amadurecida para medidas de ajuste importantes. O que não é possível é continuar como está", afirmou na última sexta-feira.

"O país está aguardando uma mudança no itinerário da economia. Existe uma demanda da sociedade para uma reversão na trajetória da economia, do emprego e da renda", acrescentou.

Meirelles também cogitou adotar tributos temporários, como a volta da CPMF (imposto sobre transações bancárias), medida que já era defendida pelo governo Dilma.

O objetivo, segundo ele, é equilibrar a dívida pública.

"Em relação à CPMF, o princípio é o seguinte: O nível tributário no Brasil é elevado. Para que a economia volte a crescer de forma sustentável é importante diminuirmos o nível da tributação da sociedade, mas a prioridade hoje é o equilíbrio fiscal. Caso seja necessário um tributo, ele será aplicado, mas de modo temporário", afirmou.

Meirelles também defendeu mudanças na Previdência Social, principalmente no regime de aposentadores e afirmou que "direitos adquiridos" devem ser respeitados, mas não devem prevalecer sobre a Constituição.

Um dos maiores defensores do impeachment de Dilma, o deputado federal Paulinho da Força (SD-SP) atacou o plano em nota divulgada pela Força Sindical, central que comanda. Ele classificou algumas ideias do ministro, como a de instituir uma idade mínima para as aposentadorias, como "estapafúrdias".

4. Exclusão de ministérios

Para atender a críticas de que havia um excesso de ministérios no Brasil, o presidente interino reduziu o número de pastas de 32 para 23.

A economia provocada por essa medida, porém, será simbólica. Isso porque funcionários públicos e órgãos ligados aos ministérios extintos serão colocados sob o chapéu das pastas que ficaram, algumas delas agora com superpoderes.

Artistas, por exemplo, já se manifestaram contra a extinção do Ministério da Cultura (MinC), que foi mesclado com o da Educação.

A associação Procure Saber, que tem entre seus integrantes Caetano Veloso e Gilberto Gil, e o Grupo de Ação Parlamentar Pró-Música, que inclui músicos como Ivan Lins e Fernanda Abreu, divulgaram uma carta aberta conjunta a Temer pedindo a revisão da mudança.

"Se o MinC perde seu status e fica submetido a um ministério que tem outra centralidade, que, aliás, não é fácil de ser atendida, corre-se o risco de jogar fora toda uma expertise que se desenvolveu nele", diz o texto.

Em artigo escrito para o jornal O Globo, Caetano criticou pessoalmente o fim da pasta, que definiu como "ato retrógrado".

Movimentos sociais também não gostaram nada de ver a pasta de Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos ser agregada à da Justiça e Cidadania.

Também houve crítica de especialistas ao fim da CGU (Controladoria-Geral da União), órgão responsável, entre outras coisas, por fiscalizar o governo federal. Eles veem riscos à independência e possíveis ameaças ao combate à corrupção no país.

O órgão, cujo chefe tinha status de ministro, agora integra o novo Ministério da Fiscalização, Transparência e Controle.













BIO

Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor e do blog Eliane de Lacerda. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para: thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.


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