quarta-feira, 13 de abril de 2016

Porque o Brasil não vai pra frente? (Por Thiago Muniz)

"Só há duas opções nesta vida: se resignar ou se indignar. E eu não vou me resignar nunca."

(Darcy Ribeiro)

Uma nação onde os filhos são descendentes de escravos, eles levam na alma o pendor do senhor de engenho.

Os militares em 64 foram instrumento de uma classe dominante que literalmente defeca o seu preconceito nas classes menos favorecidas, ou seja, não queriam perder o filé mignon.

A postura do brasileiro comum é ser perverso, na maioria das vezes consigo mesmo.

Não há lugar melhor para se vier do que o Brasil, porém há uma classe dominante ruim de espírito e pervertida, ranzinza, medíocre e preguiçosa, que não deixa o Brasil ir para frente.

Essa classe dominante eu falo das grandes Famílias Brasileiras, as oligarquias dos Estados, aqueles que de alguma maneira influenciam os rumos de seus estados e paralelamente nos rumos do Brasil. Famílias que estão na política, na mídia e na economia, se inserem feito ratos comendo o queijo e sempre fogem da ratoeira da justiça, pois possuem o famoso "Foro Privilegiado" e saem impunes de suas sujeiras.

E é lamentável que nenhum governo no Brasil, nenhum está ou foi imune / isento (a) dessa classe dominante.

Quando implantaram os Centros Integrados de Educação Pública, os chamados CIEPs, muitos criticaram o projeto do Darcy Ribeiro pois "custava caro, era demagogo, populista, coisa de socialista e até comunista". Isso foi a mais de trinta anos. Seus sucessores desmontaram o projeto e hoje estamos pagando muito mais caro por não ter sido proporcionado um direito que todo cidadão tem que é o acesso à educação de qualidade. E pelo andar da carruagem, não há perspectivas de se reverter esse processo. Então daqui a trinta anos, continuaremos com a base da pirâmide... ocupando a mesma posição. Isso sem falar no projeto anterior de Anísio Teixeira, que tbém não foi levado adiante por governos digamos... "sem visão".

Lembrando que as classes dominantes não são só os "Governos" mas principalmente uma Elite que hoje se sente ferida, uma aristocracia falida que segue achando que ainda é aristocracia e que quer se sobrepor aos outros brasileiros. O Brasil continua sendo e parece-me que sempre será, uma Sociedade de Status e não de Méritos.

Impeachment é mentira das elites dominantes que foi adotada pela classe média, iludida em pensar ser uma classe dominante, o que não é de fato.

Criou-se no Brasil uma ideia, que é muito falsa, a partir de uma espécie de complexo de inferioridade entre nós, de que o brasileiro é potencialmente corrupto. Como se não houvesse jeitinho nos Estados Unidos, como se você sendo sobrinho de um senador lá sua vida não estivesse resolvida. A última crise dos EUA mostrou que havia maquiagem de balanço de empresas, houve mentiras, fraudes. A corrupção é um dado do capitalismo, do mercado. E não só do Brasil.

Há dois ou três anos, corrupção era aquilo cometido por agentes do Estado. A lei é feita pelos mais ricos, Foucault dizia que, a partir do momento em que o capitalismo se instala, o crime passa a ser algo cometido pelo pobre. É o cara que bate carteira, rouba galinha do vizinho, mas se você acaba com a economia de um país inteiro, como aconteceu com Argentina, Tailândia, Malásia e quase aconteceu com o Brasil, esse cara ganha uma capa na Time como um grande financista. Mas se pensarmos bem, com a nossa cabeça e não da mídia, quem é o grande criminoso, o corrupto? A ideia de que a corrupção acontece no Estado é para nos fazer de tolos. Você diz que ela é feita no Estado e as pessoas prestam atenção só no Estado, especialmente quando está sendo ocupado por partidos de esquerda. Foi só aí que virou problema para nós. Getúlio, em 1954, Jango (João Goulart), em 1964 e Lula e Dilma agora. Isso não é acaso. O único ponto fora de curva foi Fernando Collor de Mello que conseguiu em 24 horas colocar toda a sociedade contra ele ao confiscar a poupança.

A crise econômica foi produzida politicamente. E, obviamente, os empresários estão agindo juntos porque não estão investindo. Esse pessoal conversa entre si e trama entre si, há uma estratégia de classe para tirar a esquerda do poder no país. Ganharam dinheiro, mas agora querem mais, porque agora tem menos recursos. Não vai ficar um programa social de pé, vai tudo para pagar juros, que é onde esse pessoal ganha dinheiro. O produto do trabalho de uma sociedade inteira vai direto para o bolso de meia dúzia de pessoas.

Enquanto não se investir em Educação de Base com Qualidade, o Brasil não irá para frente.




BIO

Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor e do blog Eliane de Lacerda. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para:thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.

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