quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

A Fúria dos fidalgos que saíram do armário (Por Thiago Muniz)

A palavra fidalgo, significa, etimologicamente, a aglutinação de filho-de-algo. Era uma designação que, em termos gerais, designava a camada social que tinha o estatuto de nobre hereditária, juntamente com os titulares, os Senhores de terras, com jurisdição, e os Alcaides-mores.

A intolerância política está crescendo no Brasil. O músico foi constrangido, assediado moralmente e atacado verbalmente. Toda pessoa pública que participa do debate está sujeita a ouvir críticas à sua posição, mas elas devem ser feitas com civilidade.

O que mais impressiona – e preocupa – na agressão verbal que um grupo de garotões cuja profissão principal é ser filho de pai rico lançou contra Chico Buarque na noite da segunda-feira, 21 de dezembro? Três coisas.

Primeiro, a extrema fúria dessa direita desgarrada que acaba de sair do armário embutido. 

Segundo, a facilidade com que repetem o que dizem os grandes meios de comunicação. 

E terceiro, a incapacidade para qualquer gesto minimamente civilizado.

Chico saía de um jantar com amigos quando, ao buscar um táxi, passou a ser chamado de ‘petista’.

Ouviu a repetição de clichês idiotas repetidos à exaustão pelos meios de incomunicação e pelos deformadores de opinião. A um dos garotões ele respondeu com humor. Dizia o valentão que defender o PT quando se mora em Paris é fácil. ‘Você mora em Paris?’, perguntou Chico. E o rapaz respondeu: “Não, quem mora em Paris é você!’. Chico, então, perguntou: ‘Você andou lendo a Veja?’. 

A ironia continua sendo uma válvula de escape. Mas para ter ironia é preciso inteligência, artigo definitivamente raro na praça.

Não foi a primeira nem a décima agressão verbal que ele e seus amigos ouvem, todas relacionadas ao PT, a Lula e a Dilma. O mais recomendável é, sempre, fazer ouvidos moucos. Mas também essa regra tem suas exceções. O episódio de segunda-feira foi inevitável: Chico estava no meio da rua, é pessoa pública, reconhecível a milhas marítimas de distância.

Mais grave é saber que não foi a primeira nem a decima ocasião, e também não terá sido a última. O país está polarizado como poucas vezes esteve nos últimos 50 ou 60 anos. O grau de agressividade, de furiosa intransigência dessa direita recém-saída de um imenso armário – certamente embutido – é o que mais chama a atenção. 

E preocupa. Muito. Dizer na cara de alguém ‘Você é um merda’ pode ter consequências sérias. Chico sabia e sabe que qualquer reação à altura não faria outra coisa que atiçar ainda mais a fúria dessa direita desembestada, fartamente alimentada pela grande imprensa. Até nisso a direita recém assumida em sua verdadeira essência é covarde. Até quando?

O país se acostumou às tristes cenas de violência entre torcidas organizadas no futebol. Elas pelo menos têm a decência de se uniformizar, ou seja, é fácil identificar o adversário à distância.

Essa direita troglodita, não. Ataca à traição. E sabe que figuras públicas como as que foram atacadas à sorrelfa não costumam reagir, para não alimentar a sede mesquinha dos escrevedores de intrigas.

Há poucos registros, que eu me lembre, de alguém que tenha saído do armário com tanta sede de ação. Cuidado com eles: tantas ganas reprimidas, quando subitamente liberadas, desconhecem limites.

Chico, que embalou tantos amores, que animou tantas tristezas, que combateu por nós tantas pelejas, não pode ser submetido à intolerância de quem não consegue conviver com quem pensa diferente. Mas Chico é um monumento. Só os pombos têm licença de Deus para afrontar os monumentos.

Realmente essa saida do armário preocupa. Eles estão imbecilizados e a procura de uma reação. As mentiras constantes nas mídias sociais tem muito a ver com isso.

Selvagens se achando a nata da inteligência e da consciência política, estão por toda parte (até mesmo nas universidades e igrejas antes progressistas), sempre a um passo da violência física.
O que sabem fazer? O que têm a propor? Nada! Bizonhos guardiões dos próprios interesses e de suas verdades inabaláveis, embrulhadas em reluzentes preconceitos.

Das trevas, surgem em cada quarteirão, lançando sua verborragia sem sentido ou fundamento, truculentamente abordando pessoas cujo valor e história desconhecem, assim como as causas dos problemas que julgam compreender a partir de toscos elementos colhidos no noticiário tendencioso.
Suplicy, há meses; Chico, agora. Bravo! Soltando a voz nas calçadas, já não pode parar.

O problema não é partidário, mas de civilização x barbárie, de bronquice x sensibilidade, de urbanidade x matutice.

Apesar de vocês, este país haverá de fazer da democracia mais do que um "mal-entendido" (Sérgio Buarque de Hollanda) e da redução das desigualdades uma marca civilizatória na América do Sul.
"Não passarão!", pois de bestas-feras não passam, e mata-burros serão instalados, sem alarde e à luz do dia.

O que mais revolta essa direita troglodita é que agora a senzala tem voz, rosto, cheiro e pode sentar ao lado deles no avião, na faculdade e andar de carro nas mesmas vias. Já vimos o resultado que o ódio latente pode causar com a Alemanha nazista, espero sinceramente que ninguém se cale ao ser acossado diante desses sociopatas.

A que ponto chegou a intolerância dos intolerantes...

Abordar um artista da magnitude de um Chico Buarque, em um momento de lazer em local público para tentar "questionar" suas convicções políticas, é o suprassumo do analfabetismo político, dessas "zelites" que torcem para o caos político e econômico e um dólar nas alturas. 

Quem é esse Tulio Dek mesmo? Esse Garnero Jr, basta dar um Google e ver o quanto o avô, Mário Garnero, levou no escândalo da BrasilInvest, na época áurea da Ditadura Militar.


Em homenagem aos filhinhos de papai desse Brasil que se acham os donos da verdade, andam perambulando pelas ruas do Leblon bebendo Möet dentro de seus carrões importados atropelando trabalhadores em bairros nobres. Como diz a letra do samba do Chico: Vai trabalhar vagabundo!

Estamos todos juntos nessa #somostodoschico


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Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor e do blog Eliane de Lacerda. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para: thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.



domingo, 6 de dezembro de 2015

O pior ainda está por vir para o Brasil (Por Thiago Muniz)

Não dá para defender impeachment iniciado por um presidente da Câmara nas condições do Eduardo Cunha, depois dele não ter conseguido fazer prevalecer sua chantagem junto aos deputados do PT, mesmo lembrando que a peça jurídica é de iniciativa dos juristas Bicudo e Reale Jr.

Isso mostra a degradação da política brasileira. Um governo sob suspeição por seus erros e manipulações eleitorais, sofrendo de total falta de credibilidade, salvo por um presidente da Câmara de Deputados com muito menos credibilidade do que o governo. 

Além disto, beira a degradação a polarização no FLAxFLU entre os que querem tirar a Presidente a qualquer custo e os que querem mantê-la a qualquer custo. O debate pelo impeachment está corroendo o Brasil há meses.

O País está parado por esta hipótese que trás insegurança geral. Ao debater o assunto ele ficará para trás. Com a iniciativa vinda de um presidente da Câmara de Deputados sem a mínima legitimidade, e ainda sem provas legais claras de envolvimento da Presidente Dilma na corrupção, a possibilidade maior é de que o impeachment não passará. 

O perigo será ela e o PT tomarem esse resultado como licença para não mudar, como um perdão do Congresso ao que a Lava Jato descobriu, uma aceitação da inflação, do desemprego, da recessão, das manipulações de marketing.

O impeachment do atual governo, sem uma base legal sólida e convocado pelo atual presidente da CD, deixará o Brasil com uma marca de instabilidade política ao longo de décadas. Nenhum presidente terá seu mandato seguro. 

Qualquer pessoa pode entrar com pedido de impeachment e não faltará um presidente da Câmara que por interesse próprio poderá acatar o pedido, se os deputados do partido do governo não cairem em sua chantagem.

O Congresso terá de encontrar base legal sólida, de acordo com a Constituição, para poder chegar ao extremo de um segundo impeachment entre os únicos quatro presidentes eleitos em 25 anos.
Mas a continuação do atual governo Dilma, por mais três anos,deixará uma marca de decadência econômica, de desorganização social e caos político. 

O debate do impeachment pode entretanto significar uma virada de página na realidade política atual. Se o Congresso responsavelmente, criteriosamente, tiver argumentos para fazer o impeachment, mesmo diante da ilegitimidade do Cunha, o Brasil pode ter um novo governo que retome a credibilidade perdida pelo governo Dilma. 

Mas, se, como tudo indica, o Congresso não fizer o impeachment e der a vitória à Presidente Dilma, ela poderá reiniciar seu governo: reconhecer seus erros, que quase levam a um impeachment, dizer que seu partido é o Brasil, não mais o PT, chamar todo o País e nossas lideranças, inclusive da oposição, para um governo que retome a confiança do povo brasileiro: ela "ser a Itamar dela própria".

Mas, conhecendo seu comportamento, do PT e de alguns de seus aliados o grande perigo é ela ganhar e acreditar arrogantemente que recebeu um cheque em branco para continuar errando na economia e fazendo política com marketing, aparelhando a máquina pública como se fosse do seu partido, pedir a libertação do presos pela Lava Jato, dar um sinal de que corrupção foi aceita.

Tudo isso seria evitado, se percebendo o quadro em que seu governo colocou o Brasil, ela tivesse auxiliares próximos que recomendassem um novo governo com ela depois do voto no Congresso.

Mas para isso seria preciso eles terem a percepção da dimensão da crise, entenderem a dificuldade de recuperar a credibilidade e terem senso de responsabilidade estadista com o País. Posições que até aqui não tiveram. Se tivessem tido, não estaríamos na situação em que estamos.

Por isso, dá para imaginar que o pior ainda está por vir, seja por causa de um impeachment desastrado que vai corroer a confiança na política, seja pela continuação de um governo desastroso que está levando o país a uma decadência histórica.

Não sei se o Brasil tem jeito e nem sabemos em quanto tempo haverá pelo menos uma perspectiva de melhoras.


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Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor e do blog Eliane de Lacerda. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para: thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.

sábado, 5 de dezembro de 2015

Você é contra ou a favor do Impeachment? (Por Thiago Muniz)

Sou contra.

Sou contra porque acho que, tendo sido o pedido encaminhado como foi, em ato de represália a uma chantagem que não deu certo, o todo fica comprometido. Eu sei que o pedido não foi feito pelo Cunha, mas foi ele quem deu início ao processo, e nada que ele faça hoje tem mais qualquer legitimidade. Esse homem devia estar na cadeia há tempos. Ou num manicômio.

Sou contra também porque acho que este processo de impeachment foi um presente dado de bandeja ao PT para justificar a sua falência administrativa. Se o impeachment acontecer, o que acho improvável, o governo terá sido a calamidade que está sendo porque a Dilma terá sido cassada; se não acontecer, teremos ido para o fundo do poço por causa da turbulência política provocada pela elite branca de olhos azuis que não se conforma em ver um operário no poder os porteiros viajando de avião os pobres na universidade blá blá blá.

Em suma, o idiota do Cunha deu munição e sobrevida ao PT, que vai chegar revitalizado a 2018: parabéns.

Sou contra, ainda, porque a Dilma foi eleita num processo supostamente democrático, e há dúvidas entre os juristas se as razões expostas no pedido são procedentes. Um pedido de impeachment deveria estar baseado em provas inequívocas.

Digo "supostamente democrático" porque, a meu ver, o uso despudorado da máquina governamental favoreceu enormemente a sua reeleição. Das verbas dobradas das empreiteiras aos deputados comprados nas coligações canalhas, tudo contribuiu para que ela voltasse ao poder. Mas este é o sistema que temos, e ele é a primeira coisa que precisamos corrigir para moralizar a política.

Por outro lado, sou totalmente contra a Dilma.

Não só pela sua óbvia incompetência, mas porque, a essa altura, ela não tem mais condições de ocupar o cargo. Tudo ao seu redor é caos. Nada funciona. Enquanto isso, o seu partido é protagonista do maior escândalo de corrupção jamais descoberto no país.

Se os demais partidos também roubavam (e continuam roubando) são outros quinhentos; quem está no poder agora, neste momento, é o PT, que daqui a pouco vai ter mais representantes nas penitenciárias do que no Congresso. Dilma pode não ter participado diretamente da bandalheira, mas foi criminosamente omissa, o que compromete a sua imagem e a legitimidade do seu governo.

Então, ‪#‎comofaz‬?

Não sei. Se soubesse eu estava em Brasília, tentando fazer.

Mas o Brasil -- que elegeu a Dilma, contra todas as evidências e mentiras da campanha eleitoral -- merece a Dilma. A culpa da miséria que estamos vivendo, e que ainda vamos amargar por muito tempo, ela divide com cada um dos seus eleitores.

Quando o Lula tinha 80% de aprovação, eu falava que o tal Brasil primeiro mundo registrado em cartório não passava de um voo de galinha de surfar na bonança de venda de commodities para a China. A partir de 2012 quando a China desacelerou, o castelo de areia desabou.

Por isso sou contra o impeachment !!! Se o PT sair, ele logo,logo vai ficar na posição onde ele é mestre, ou seja, na oposição culpando qualquer um que assumir.

Deixa a Dilma ai para tentar limpar toda o desastre que eles produziram. Ninguém nem precisa se preocupar que 2006 não se repete, pois perdoaram o Lula do Mensalão e o reelegeram ali pq a economia estava bombando na conjuntura internacional da época.

Agora sem a muleta da China para salvar e com a policia batendo na porta a toda hora com a Lava Jato, quando isso terminar esses caras nao se elegem nem para sindico de prédio.

A verdade é que o resultado de um impeachment - ou não, pode trazer consequências que não se pode antecipar. Afinal isto é Brasil e as idiossincrasias são parte de nossa vida.


De qualquer forma, alguma reforma drástica tem que ocorrer seja ela causada por Dilma, Cunha ou por nós mesmo.


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Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor e do blog Eliane de Lacerda. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para: thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.



quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Impeachment, mas quem de fato e merecimento? (Por Thiago Muniz)

Impeachment é uma palavra de origem inglesa que significa "impedimento" ou "impugnação", utilizada como um modelo de processo instaurado contra altas autoridades governamentais acusadas de infringir os seus deveres funcionais. Dizer que ocorreu impeachment ao Presidente da República, significa que este não poderá continuar exercendo funções.

Abuso de poder, crimes normais e crimes de responsabilidade, assim como qualquer outro atentado ou violação à Constituição são exemplos do que pode dar base a um impeachment.

O impeachment ocorre no Poder Executivo, podendo acontecer no Brasil, por exemplo, ao Presidente da República, Governadores e Prefeitos. Quando acontece o impeachment, significa que o mandato fica impugnado ou cassado.

O procedimento do impeachment está descrito na lei 1079/50.

O impeachment é um processo longo e para que ocorra, devem ser cumpridos vários passos, entre eles a denúncia, a acusação e o julgamento.

O artigo 86 da Constituição refere as medidas tomadas caso o Presidente da República seja de fato impugnado, a primeira das quais a suspensão de suas funções.

O Poder Legislativo gere todo este processo.


Impeachment não é apenas tirar um presidente e colocar outro, como se fosse um time de futebol que muda de técnico e tudo se resolve. Tem milhares de variáveis a serem observadas. Se tirar o presidente e colocar outro no lugar resolvesse o problema, seria simples. Pobre de quem pensa que política se resolve assim, sem a complexidade que exige a visão completa.

Quem está colocando esse pedido em pauta é um Deputado com Contas na Suíça, cheio de casos de corrupção nas costas, tentando se vingar de um apoio que não teve para se livrar do seu processo.

A própria oposição reconhece isso.

O Governo errou sim, cometeu vários equívocos, todavia isso por si só, não justifica derrubar um presidente.

Quem assumirá? 

O PMDB? Que tem Cunha, Renan Calheiros ( DENUNCIADO NA LAVA JATO ) entre outros de um quadro tão triste quanto o de qualquer um desses partidos que estão querendo o Poder?
Eles serão os salvadores da Pátria que luta contra a Corrupção?

Sinceramente, em todos meus anos de vida, nunca tinha visto tanta gente GRANDE ser presa, e agora que estão prendendo todo mundo estão querendo também tirar uma Presidente que foi quem permitiu essa independência nas investigações? Sim, foi uma lei sancionada pela Dilma que deu essa autonomia que não existia em Governos anteriores. 

Me parece muito mais medo de serem investigados e presos. Porque efetivamente NÃO HÁ UM SALVADOR DA PÁTRIA que fará algum milagre para que o Brasil volte a crescer com um Congresso Nacional atuando em benefício próprio.

Se política fosse fácil, toda comunidade, todo condomínio, todo prédio, toda reunião onde existem interesses diversos, no micro, seria moleza de entender, e todos que já participaram de uma assembléia, que seja, sabem muito bem que o buraco é muito mais embaixo.

O País precisa crescer novamente, por isso acho que tem que se votar logo esse impasse e resolver para onde vamos, e uma vez que a decisão seja tomada, pró impeachment, lembre-se de uma outra variável importante, AS RUAS SERÃO OCUPADAS. Os movimentos sociais não vão deixar barato. 

E certamente os movimentos pró-impeachment também vão ocupar. Mas se é do caos que sai a solução, então sem medo do Caos. Vamos seguir e ver quem é quem.

Eduardo Cunha, o achacador da República, sabendo que seus sinais vitais estão perto do fim resolveu aceitar o pedido de Impeachment para ser votado na Câmara. Vai morrer atirando!!!

Agora é que eu quero ver quem é quem nesse jogo.

A abertura de impeachment contra Dilma só reforça que Cunha está derrotado no Conselho de Ética.

Trata-se de um ato de aventura e irresponsabilidade política, um ato de chantagem consumada e de vingança. Neste contexto, independente das razões que possam ou não fundamentar tal pedido, o processo nasce contaminado pela marca do golpe político.

A meu ver que isso seja logo resolvido. Não dá para o Brasil ficar na mão desse homem e um Governo trabalhando para não enfrentar essa questão com medo de cair.

Que se resolva essa etapa para que possamos andar para frente. Dilma não tem nenhum crime de corrupção contra ela, o que a Câmara terá de votar são outras questões, então ao bom entendimento da Democracia, veremos quem é quem e quais os objetivos.

Se cair, teremos um resultado que não se resumira apenas ao Congresso, se ficar, que ande com esse País para frente e voltemos a crescer. Eleições agora só em 2018, teoricamente, mas do jeito que estamos vivendo a política, parece que 2018 é amanhã e não é bem assim, o caminho será longo.

A chantagem se transformou em instrumento institucional de trabalho. Cunha sempre foi conhecido por utilizar os piores métodos nos bastidores da sua atividade politica! Agora o faz no microfone e sendo acompanhado por todos os brasileiros em uma atuação que deixaria Frank Underwood, de House of Cards, ( politico de série americana que não tinha qualquer limite ético para alcançar os seus objetivos ) com receio por tamanha ousadia.

Jogou com o PSDB e a oposição de direita dizendo que trataria do impeachment no momento certo. Esses o protegeram o quanto puderam. Impacientes com uma falta de decisão disseram abandonar o presidente da Câmara mas não esconderam esperar uma mudança na sua indefinição sobre o afastamento presidencial!

Jogou com o governo e o PT! A imprensa relatou conversa dele com o vice Michel Temer em que Cunha disse que esperava a definição dos votos do partido no conselho de ética para se pronunciar sobre o impeachment. Quando os parlamentares anunciam a decisão de votar a favor do prosseguimento que pode levar a sua cassação ele dá inicio ao processo de afastamento de Dilma!

Tenho sido crítico da política econômica do Governo Dilma, mas é forçoso reconhecer que a tentativa de enquadrar as chamadas "pedaladas fiscais" como crime de responsabilidade a justificar o impeachment da Presidente da República não passa de uma tentativa de golpe de estado.

Senão vejamos. As chamadas "pedaladas fiscais" nada mais são do que o sistemático atraso nos repasses de recursos do Tesouro Nacional para que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal paguem benefícios sociais como o bolsa-família, Minha Casa Minha Vida, seguro desemprego, crédito agrícola etc.

Como as instituições financeiras pagam em dia os benefícios, o atraso no repasse dos recursos públicos gera contratualmente o pagamento de juros pelo governo aos bancos públicos.
De fato, a conduta, que visa a dar uma certa aura de equilíbrio às contas públicas em momentos de aperto de caixa, não é boa prática de Finanças Públicas. Mas está bem longe de constituir crime de responsabilidade.

Os defensores da tese da criminalização das pedaladas alegam que a medida se traduz, na verdade, em operação de crédito entre a União e os bancos federais, o que seria vedado pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Não prospera, porém, o argumento, porque quando o artigo 36 da Lei de Responsabilidade Fiscal proíbe a operação de crédito entre o ente federativo e a instituição financeira por ele controlada, tendo esta no polo ativo na relação creditícia, visa a evitar a sangria das instituições financeiras públicas pelos governos, como ocorreu com os bancos estaduais pelos governadores, nos anos 80 e 90. 

Evidentemente, tal dispositivo não veda que os bancos públicos prestem serviços ao Governo Federal e nem os impedem de cobrar juros quando o Tesouro não lhes repassa tempestivamente os recursos para realizar o objeto do contrato de prestação de serviços. Portanto, a prática, embora não constitua, repita-se, boa técnica financeira, não é vedada pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

Mesmo que assim não fosse, a prática não poderia ser enquadrada em qualquer das hipóteses de crime de responsabilidade do presidente da república por violação da lei orçamentária, cujas condutas sancionadas são expressamente previstas no artigo 10 da Lei n. 1.079/50, uma vez que a manobra, que vem sendo praticada desde o Governo FHC, não viola propriamente a lei de orçamento, que constitui o bem jurídico tutelado em todos os tipos do referido dispositivo legal.

Por outro lado, ainda que assim não fosse, não é qualquer violação à lei orçamentária que justifica o impeachment de um presidente eleito, sob pena de subordinarmos a democracia aos arranjos financeiros necessários a composição do superávit primário, em detrimento das prioridades sociais definidas pela sociedade.

Portanto, a tentativa de enquadrar as "pedaladas fiscais" nas hipóteses de crime de responsabilidade não encontra suporte jurídico.

Porém, como o julgamento tem um indiscutível tom político, já que a Câmara e o Senado, a quem compete julgá-las, são instituições eminentemente políticas, não surpreende a tentativa golpista.

Mas se o julgamento é político, convém perguntar se as atuais composições da Câmara e do Senado, em que mais de um terço dos parlamentares responde a inquéritos ou ações criminais, se encontram em condições morais de afastar uma Presidente da República eleita por 55 milhões de brasileiros, por não ter repassado tempestivamente os recursos para o pagamento dos benefícios sociais que o seu governo criou ou ampliou?

Seria a primeira vez na história da humanidade que um presidente eleito pelo povo seria cassado por seu governo ter obtido empréstimos a bancos públicos, e isso levado a efeito por um parlamento presidido e composto por vários políticos sabida e gravemente envolvidos com corrupção, o que, pelo se sabe, não é o caso da Presidente.

Os golpes no Século XXI não utilizam mais tanque e baionetas, mas manipulação de argumentos jurídicos e julgadores desapegados da vontade popular. Espero que não seja o caso do nosso país.
Agora vamos ver quem tem compromisso com o Estado de Direito!

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Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor e do blog Eliane de Lacerda. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para:thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.



sexta-feira, 20 de novembro de 2015

O rio agora é uma calha estéril cheia de lama (Por Thiago Muniz)

Na mesma semana em que atentados deixavam Paris, cidade onde mora com a família, em estado de choque, o fotógrafo Sebastião Salgado viu um outro tipo de terror atentar contra o vale de sua infância e as águas que o banham: uma explosão de lama, que já vitimara moradores de Mariana, matava o Rio Doce.

Da China, onde estava, viajou 44 horas até o Espírito Santo para reencontrar o rio pouco antes de seu oxigênio extinguir-se de vez. Homem de ação, venceu o luto: encontrou-se com as empresas, os governadores dos dois estados atingidos, a ministra do Meio Ambiente e a presidente Dilma Rousseff e apresentou uma proposta para recuperar o rio, que envolve recursos da ordem de R$ 100 bilhões.

Parece muito diante das multas aplicadas (que vão para os cofres públicos) e da verba emergencial, mas é um plano realista quanto a padrões de desastres semelhantes no resto do mundo, e considerando os recursos de que a Vale e a Samarco dispõem. Segundo Sebastião, as gigantes do minério estão dispostas a arcar com o custo.

O problema estaria na destinação: como impedir que o dinheiro vá parar no remoinho do sistema ético-político que, como a lama, tudo digere e nada recicla? Nesta entrevista, pistas para a salvação e o testemunho da peregrinação do fotógrafo pelas áreas atingidas.

Relato de Sebastião Salgado:

"As notícias são péssimas. Hoje vim descendo até Colatina, Espírito Santo. Antes, passei por um distrito, Itapina, onde o rio estava morto. Continuei descendo, mais veloz que as águas, e quando cheguei a Colatina, ainda estava lindo, como sempre. Foi a última vez que eu vi o rio vivo. Fui embora e agora sei que morreu.

Olha, é um rio morto, mas morto de uma maneira que é morto mesmo. Tenho um amigo fotógrafo de natureza que estava em Governador Valadares e fotografou uns camarõezinhos fugindo do rio e entrando na terra, para morrer, porque morrer no rio não fazia sentido, não era mais o seu lugar. E umas ostras pequenas, que saíam da água, subiam na pedra (elas têm umas patinhas), mas a pedra estava muito quente. Então voltavam para a água e para a pedra de novo, onde acabavam morrendo. Uma agonia que a gente não consegue descrever. Nunca vi tanto peixe grande morto. Como é um rio nacional, de grandes dimensões, largo, tem peixes imensos. Muitos eu nem sabia que existiam. Ninguém sabia. Agora que o rio morreu, a gente passa a conhecê-los...

Eram peixes de profundidade, habitavam um departamento do rio que ninguém conhecia. Não se deixavam pescar, se protegiam, tinham outra função. Tudo morreu. Agora o rio é uma calha estéril cheia de lama. Uma hora vai decantar, começar a correr, mas sem vida. A vida futura em forma de ovos, plantinhas — está tudo sendo quase que asfaltado. E é a partir daí é que começa a acontecer a coisa mais terrível.

São 230 municipalidades no Rio Doce. Compostas, cada uma, de dezenas de aglomerações urbanas. Pouquíssimas dentre estas cidades têm estações de tratamento, mas o rio normalmente digeria os rejeitos. Agora, vai passar a ser um caudal infinito de bactérias, impossibilitando a ressurreição. Como você vai tratar essas bactérias para consumo humano? Como é que o gado vai beber só bactéria? E a agricultura de irrigação, típica das suas margens? É um desastre difícil de avaliar. São décadas, de 20 a 30 anos para recuperar.

Para o rio volar a viver é preciso construir sistemas de tratamento de esgoto em todas as cidades para evitar que rejeitos de toda natureza cheguem às águas. E construir também um sistema de matas ciliares para fazer o filtro na beirada de todos os córregos e dos pequenos rios. Falo também dos rejeitos químicos naturais: é um rio extremamente mineral, que não tem mais cobertura vegetal. O Vale é lavado pela chuva, com toda essa concentração de minas. Teremos que criar a mata.

As empresas. Através de um fundo, nos termos em que propus nos últimos dias. Estive com os governadores do Espírito Santo e de Minas, e com a presidente Dilma, que é extremamente favorável. As empresas são responsáveis. Não digo só no sentido de serem responsáveis pelo acidente, que em parte são, mas sabem de suas responsabilidades. Tenho certeza de que vão assumir a catástrofe.

R$ 1 bilhão? Pelo menos cem vezes isso! Falamos de R$ 100 bilhões. As multas? Essas vão para os cofres públicos para pagar despesas. Veja, a British Petroleum, por aquele desastre em 2005 no Golfo do México — um dano muitíssimo menor —, pagou US$ 20 bilhões para uma limpeza que durou uns dois anos. No caso do rio Doce, são décadas. As empresas estão de acordo, a presidente está de acordo. Tudo tem que ser estudado pelos órgãos competentes e pelos especialistas. Será um fundo compensatório de recriação e regulação do Vale. Para recuperar uma bacia tão grande quanto Portugal. A Suíça é menor que o Vale do Rio Doce.

Elas têm condições de arcar e vão arcar. A anglo-australiana BHP é a maior do mundo. A Vale é a segunda. Vão arcar porque têm que proteger suas imagens, têm compromissos com sustentabilidade, se esforçam para serem limpas, apesar de serem mineradoras. O problema maior não é esse.

Saber se esse fundo vai ser aplicado em seu destino: o Rio Doce. O dinheiro não pode se transformar em pequena praça pública para campanha de prefeito, não pode se converter em camisetas de grupamentos políticos, e não em natureza refeita. Temos que saber como esse fundo vai ser gerido.

Uma vez criado o fundo, penso que é preciso que seja depositado no BNDES, uma entidade nacional. Como ocorre com o Fundo Amazônia, que é bem gerido através deste banco. Uma vez aprovado o fundo, minha preocupação maior, meu maior medo, é realmente o que o sistema ético-político pode fazer com esse dinheiro. A Dilma acha que tem que fazer (o fundo). É a fiel da balança. Como já disse, falei com governadores, a ministra do Meio Ambiente, empresas. Mas não sou um salvador da pátria. Eu sou um homem do Vale, que dirige a única organização da região com um projeto de replantio e recuperação das nascentes, uma das variáveis, não a única, que tem que ser reconstituída.

Se ele era importante, agora se torna vital. O rio já havia diminuído brutalmente antes do desastre. Agora, a água é essencial para lavar a calha (isto é, o rio). Só esse projeto precisa de R$ 3 bilhões, a custos de hoje, atualizados ano a ano, para recuperar 377 mil nascentes. Já recuperamos mil delas, ou seja, o piloto está pronto, o projeto entrou no BNDES aprovado, mas não tem, por causa do contingenciamento, o dinheiro a fundo perdido necessário. Infelizmente, foi eliminado.

É o vale mais detonado do Brasil. Só tem 0,5% de cobertura florestal. As nascentes já estavam todas morrendo. Mas é delas que virá a fonte da salvação.

Por que aconteceu este desastre? Eu não tenho como explicar, nem cabe a mim. Há mais de 765 barragens como esta em Minas Gerais. Um acidente pode acontecer. E outros podem vir. Você tem um carro? Tenho certeza quase absoluta de que ele saiu de uma dessas minas. A sociedade de consumo em que vivemos faz com que tenhamos minas, com que tenhamos exploração de petróleo. As pessoas gritam porque polui, mas têm seus carros. Mas quem polui mesmo somos nós, é o nosso modo de vida. É este modelo que temos que questionar.

Qualquer coisa que se diga agora é um tiro no escuro. Todas essas minas são feitas para garantir o conforto no qual optamos por viver. As empresas fazem parte de tudo isso. E somos coproprietários às vezes sem saber. Você tem um pouquinho mais de dinheiro, seu gerente vai dizer: “Eu te compro umas ações”. Se você examinar que ações são essas, a Vale e a Samarco estão lá.

Eu estava na China, participando de um encontro da Associação Nacional de Fotógrafos Chineses no interior do país, com 1.200 profissionais. Soube com 12 horas de atraso. Eu já viria ao Brasil, tinha compromissos aqui. Cheguei no dia 10, como planejado, depois de 44 horas de viagem, e no mesmo dia já encontrei o governador do Espírito Santo.

E, três dias depois, explodiam os atentados em Paris, minha residência principal. Em duas semanas, duas tragédias, na minha terra de origem e na minha terra de moradia.

E o atentado foi a 150 metros da nossa casa. Lélia, minha mulher, coitadinha, ficou em estado de choque total. Nossa rua foi bloqueada. Metralhadoras. Só entrava com identidade. A antiga redação do “Charlie Hebdo” também fica pertinho de lá. A gente passa duas vezes por dia pelos bares e restaurantes alvejados. E vamos sempre comer alguma coisa no Petit Cambodge. É a vida. Vamos em frente.

Depois de chegar ao Brasil, meu primeiro reencontro com o rio foi dramático. No território dos índios krenak, um pouco acima da nossa cidade, Aimorés. Um choque brutal. A água que corria não era água. Era um gel. Um gel sem oxigênio. Morto. Por isto estamos clamando para que o fundo seja criado e gerido com responsabilidade. Que não sirva de base para politicagem. E que a população que perdeu o rio, a qualidade de vida, seu manancial, sua pesca, seja o destino de toda a energia. Chamo a atenção mas não tenho poder político. Somos uma pequena ONG que tenta ser referência em valores éticos. Mas tenho medo."

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Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor e do blog Eliane de Lacerda. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para:thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.



domingo, 15 de novembro de 2015

Uma tragédia não anula a outra (Por Thiago Muniz)

Fico imaginando a dor e o sofrimento das pessoas atingidas pelas catástrofes de Mariana e Paris.

Mesmo assim no máximo tento me colocar no lugar das pessoas, sentir o que eles sentem, a perda que eles têm.

Fico enojado em como as pessoas, principalmente por meio das redes sociais, o quanto perde tempo em discutir o grau de importância de uma ou de outra.

Pessoas: Uma tragédia não anula a outra!

Só faltava essa: as pessoas relacionarem o torcedor de futebol ao terrorismo. Tenho ouvido de tudo depois desse atentado na França. É um festival de achismos sensacionais. Há até uma certa graça, um encanto. Pensando bem," achar" é muito melhor, é mais salutar do que declarações avalizadas de especialistas. O mundo da opinião, cheio de preconceitos e por isso mesmo mais humano.

Primeiramente, sim, a opinião é sua, o facebook ou twitter é seu, e você pode postar o que quiser nele. Ninguém está te proibindo de sentir compaixão, medo, consternação. Nada te impede de valorizar tanto a vida das vítimas francesas quanto das vítimas de tantos outros crimes (e se você faz isso, então não tem motivo pra se preocupar com as críticas à solidariedade seletiva) e é claro que você pode e deve se preocupar com os atentados de ontem, porque as repercussões serão globais.

Acredite, ninguém quer que você ignore os ataques da França ou a tragédia ambiental de Mariana, até porque quem faz essas críticas geralmente conhece a sensação de ter suas próprias tragédias ignoradas.

Não se trata de promover alienação, e sim de pensar criticamente. Em outras palavras, o que as pessoas devem se perguntar é o porquê de algumas dores te parecerem maiores do que outras.

Portanto, ao invés de dizer "o facebook é meu e eu posto o que eu quiser", ou de sentir-se atacado por "fiscais de compaixão", simplesmente ouça a pergunta que está sendo feita: por que você se sente impelido a colocar a bandeira francesa no seu avatar e não sente a mesma vontade de mostra a sua solidariedade pelos negros mortos pela pm brasileira, ou não vestiu a bandeira do Líbano quando ocorreu um atentado do ISIS por lá essa semana?

A solidariedade no nosso tempo é seletiva?

"Por coincidência (ou não), a Vale doou mais de 20 milhões de reais na última campanha eleitoral. Também por coincidência (ou não), a Vale produz campanhas milionárias nos principais veículos de imprensa do país. Quem paga o DJ escolhe a música!" ( Chico Alencar )

Hoje é 15 de Novembro, dia da Proclamação da República, e ninguém comenta, ninguém comemora, embora seja, em tese, um feriado. Comemorar o quê, afinal? É uma República que não deu certo.

Um Executivo eleito através de um estelionato e do uso da máquina pública.

Um Congresso e um Senado presidido por picaretas e composto por representantes do poder financeiro: a grande maioria apenas preocupada com seu próprio bem estar, enriquecimento e perpetuação no poder.

Um Judiciário aparelhado e corporativista onde quem tem os melhores advogados distorce as leis para que o crime siga impune.

Quem dera o nosso problema fossem os terroristas islâmicos.

É tão difícil explicar as coisas, tão difícil se fazer entender.

Me incomoda o fato de pesos e medidas diferentes. Não vi esse tipo de manifestação, como por exemplo, colocar a bandeira de Minas na foto de perfil! Ou eu sou Minas,eu sou Mariana!! Mas todos são Paris. Tá!! Não existe peso diferente para tragédias, existe comportamento deferente, ou indiferente, com relação a elas."

Uma das tragédias foi, apesar dos pesares, apesar da negligência, da canalhice e da irresponsabilidade geral, um acidente. Criminoso, mas acidente: ninguém explodiu a barragem de propósito, por mais que o seu rompimento pudesse ter sido evitado. A outra foi um ato de guerra. Eu não mudo o meu avatar para a cara do Santos Dumont quando cai um avião, por mais que lamente a tragédia, porque tragédias acontecem diariamente perto e longe de nós, e todos os dias eu deveria mudar o avatar. Eu mudo o meu avatar quando a civilização que eu prezo e o meu modo de vida são atacados por fanáticos religiosos, para mostrar de que lado estou.

A serenidade do presidente francês, François Hollande, no pronunciamento duas horas depois dos atentados terroristas em Paris me impressionou. Como um líder pode estar sereno ao falar à população, após o segundo ataque ao país num mesmo ano?

Fala-se em seis tiroteios na cidade e três explosões no entorno do Stade de France, o Maracanã deles. O presidente estava no estádio no momento das explosões, assistindo a um amistoso entre Alemanha e França. Era o escrete campeão do mundo enfrentando a seleção nacional. Havia 80 mil pessoas no estádio.

Já são mais de 100 mortos e uma centena de reféns numa casa noturna. E o presidente faz um pronunciamento sereno?! Os franceses, ainda perplexos, devem estar se perguntando sobre o fracasso retumbante da política antiterror.

Três bombas nos arredores de um estádio com 80 mil pessoas dentro e a polícia não evitou nada, não viu nada, não soube de nada. Seis tiroteios coordenados e nenhuma interceptação. 

É isso mesmo?

Impressionante. Apavorante. Desesperador.

Em tempo: Agora, perto da meia-noite (horário de Brasília), os comentaristas começam a chamar atenção para o fracasso das forças de segurança francesas. A 15 dias da Cop-21, elas foram incapazes de detectar a ameaça de ataque. Não impediram nenhum dos múltiplos atentados: invasão de casa noturna, disparos na rua, homens bomba no entorno de um estádio de futebol lotado. Isso num país que sofreu atentados com 17 mortos há dez meses. Hollande terá muito a explicar.

Há lamento e dor que baste para tudo, infelizmente. E há muitos idiotas sobrando no mundo.

A humanidade está doente e esta matando o planeta.






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Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor e do blog Eliane de Lacerda. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para: thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.

sábado, 14 de novembro de 2015

O RIO DOCE, um dos MAIORES DO BRASIL, está MORTO! (Por Thiago Muniz)

Infelizmente, o BRASIL ainda não sabe o que está acontecendo em Minas Gerais e no Espírito Santo.

Mas, infelizmente, uma das empresas que operam a Samarco no Brasil é a gigante Vale, a maior mineradora do Brasil, grande financiadora de campanhas publicitárias e políticas, é grande demais para se esconder.

Os veículos de "des-informação", também grandes beneficiadores de verbas publicitárias da empresa e do Governo continuam omitindo fatos e números importantes para amenizar a tragédia. Sugiro que aqueles que tem amigos virtuais em outras cidades, estados e países, informem melhor e alertem o Brasil de que são centenas de milhares de pessoas afetadas pelo fato.

Toda a economia dos municípios está comprometida. As escolas suspenderam as aulas, a agricultura está comprometida, porque não tem chuva, o comércio já quase parou, pois não tem água, nem para os banheiros; bares e restaurantes estão adotando material descartável para servirem, mas não existem panelas descartáveis e essas precisam ser lavadas.

A construção civil também foi afetada; não há água para o banho das pessoas. Hospitais e asilos, presídios e serviços essenciais estão sendo abastecidos por caminhões pipa, que precisam ir a outros municípios para se abastecerem de água, o que está onerando os cofres públicos com o alto consumo de combustível - isso quando conseguem passar pelas estradas bloqueadas pela manifestação de caminhoneiros.

O RIO DOCE, um dos MAIORES DO BRASIL, está MORTO! 

As populações, desde Mariana-MG até Linhares-ES (e depois no Oceano Atlântico) estão sofrendo as consequências do que talvez seja a maior tragédia ambiental, ecológica, econômica, hídrica, já ocorrida no país. E as consequências serão sentidas por muitas décadas. 

Somente em Governador Valadares são 260 mil pessoas afetadas. Alguém já imaginou uma cidade de 260mil pessoas totalmente sem água? E o pior: a água está correndo no Rio Doce, mas completamente envenenada por arsênico, mercúrio e outros metais.

Todos - eu disse todos - os peixes morreram envenendos e já se pode sentir o "cheiro" a kms de distância. Esse é o quadro que o BRASIL precisa saber. Divulguem para que outras tragédias possam ser evitadas. 

Talvez a próxima seja a dos lixões, ou das enormes pastagens que avançam derrubando as florestas, ou quem sabe, as imensas lavouras de soja??? Informem, manifestem a indignação pacífica, sem revolta ou violência. 

Chega de violência contra povo Brasileiro, menos ganância, é o que precisamos. Obrigado por me ler! É apenas o desabafo de um brasileiro e ... ser humano.

PS: Espero que o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) não continue omisso e conivente com a conduta ambiental da Samarco (que pertence à VALE & BPH BILITON) e os danos ambientais e a poluição causada.

Coraçao derretido em lama. Lama que brota das prefeituras, governos dos estados, presidência, congresso, senado, e onde mais esses ratos se enfiam. Meu repudio ao sistema politico brasileiro onde todos os partidos sao cumplices do descaso das mineradoras com meio ambiente. Galera do fora Dilma, fora Aécio e fora a ponte que pariu é hora de uniao e mobilização contra toda essa impunidade perversa. A morte de um rio é a morte de uma terra , é a morte de um povo , é a morte de um país.

Instagram: @belezascapixabas


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sexta-feira, 13 de novembro de 2015

França em lágrimas (Por Thiago Muniz)

O dia em que a torre Eiffel teve as luzes apagadas em sinal de luto.

Antes que comecem os comentários maldosos... Os refugiados que chegam à Europa estão fugindo justamente dos autores deste terror em Paris.

Impossível não pensar em como tudo vai ficar ainda mais complicado para os pobres refugiados sírios -- independentemente de quem esteja por trás dos atentados.

E não dá para descartar a possibilidade de muitos terroristas terem entrado disfarçados de refugiados.

Não duvido que este resultado tenha sido premeditado e o povo sírio usado - sem saber - como um grande escuto para este fim.

São extremistas de origem muçulmana mas provavelmente com nacionalidade francesa, ouvi de uma rede francesa! Tragédia, mas também pensando nos pobres refugiados sírios.

Muito triste, mesmo fugindo, sendo usados e maltratados. Como vai ficar agora?

"Vivant. Juste des coupures... Un carnage... Des cadavres partout". (Benjamin Cazenoves)

O Estado Islâmico comemora, pela internet, atentados na França. São fundamentalistas hipócritas que usam o nome sagrado de Deus como justificativa pra fazer obras do Diabo. São perversos, cruéis e calculistas. No inferno não tem 7 virgens e felicidade eterna. Vão descobrir que sua jihad irão lhes mandar para o lugar que jamais pensam em estar. O mármore quente da casa do anti-cristo.

O que muitos não sabem ou fingem que não sabem, é que o governo da França envia suas aeronaves com bombas para a Síria diariamente e mata crianças e idosos, o estado islâmico por sua vez revida de forma covarde aos cidadãos Franceses. #Guerra

Na minha opinião essa história de refugiados não passa de plano bem sucedido do estado islâmico estilo Tróia , o plano deles com a Sharia todo mundo sabe!

Já são 112 mortos na França e subindo... Quando começaram a enfiar imigrantes de forma indiscriminada, eu falei que ia dar merda, falei que iria ocorrer vários atentados, que morreria gente inocente... Em troca, fui chamada de xenofóbica, por essa gentinha que nunca pisou os pés na Europa, que não sabe qual a realidade desse povo, que nunca conviveu com esse tipo de imigrante. Querem ser os bons samaritanos de internet, apontar e exigir dos outros, o que nem eles fazem

Obama é um dos grandes estadistas do nosso tempo. Mesmo. Ainda não se sabe nada a respeito dos atentados em Paris, mas ele já disse "presente" e mostrou que está atento ao mundo ao seu redor.

Os taxistas de Paris desligaram os taxímetros para levar o máximo de pessoas possível para casa.

"A evolução não está na aceitação passiva dos dogmas, sejam eles religiosos, políticos ou filosóficos. A evolução fundamenta-se na crítica, até no cinismo, mas nunca na "contemplação" dos deuses fabricados na oficina do medo e da esperança num paraíso ultramundano. Só existe uma vida, um mundo, um trágico destino que pode ser - em parte - amenizado com as armas da crítica." (Guido Mattina)

Na verdade eu vejo humanos e muita humanidade, já pararam para pensar na historia da humanidade? 

Tudo se resume a guerra, conquistas individuais, destruição, poluição e morte, pouquíssima coisa envolve altruísmo, ajudar o próximo, amor a natureza...imaginem uma Terra sem humanos.

A serenidade do presidente francês, François Hollande, no pronunciamento duas horas depois dos atentados terroristas em Paris me impressionou. Como um líder pode estar sereno ao falar à população, após o segundo ataque ao país num mesmo ano?

Fala-se em seis tiroteios na cidade e três explosões no entorno do Stade de France, o Maracanã deles. O presidente estava no estádio no momento das explosões, assistindo a um amistoso entre Alemanha e França. Era o escrete campeão do mundo enfrentando a seleção nacional. Havia 80 mil pessoas no estádio.

Já são 60 mortos e uma centena de reféns numa casa noturna. E o presidente faz um pronunciamento sereno?! Os franceses, ainda perplexos, devem estar se perguntando sobre o fracasso retumbante da política antiterror.

Três bombas nos arredores de um estádio com 80 mil pessoas dentro e a polícia não evitou nada, não viu nada, não soube de nada. Seis tiroteios coordenados e nenhuma interceptação. É isso mesmo?

Impressionante. Apavorante. Desesperador.

Em tempo: Agora, perto da meia-noite (horário de Brasília), os comentaristas começam a chamar atenção para o fracasso das forças de segurança francesas. A 15 dias da Cop-21, elas foram incapazes de detectar a ameaça de ataque. Não impediram nenhum dos múltiplos atentados: invasão de casa noturna, disparos na rua, homens bomba no entorno de um estádio de futebol lotado. Isso num país que sofreu atentados com 17 mortos há dez meses. Hollande terá muito a explicar.

Nada parece deter terroristas. Depois do 11 de setembro, tudo é possível!

Pior é que isso tende a incendiar a xenofobia.

Daqui a pouco vão ter que contratar israelenses e americanos pra treinar e colaborar com as autoridades locais. Lamentável demais, o estômago chega a virar.

Às vezes, me permito dominar pela desesperança. Ao pensar nos ataques ocorridos em Paris esta noite, visualizo o desespero das vítimas, o pânico enquanto terroristas executavam friamente reféns indefesos na casa de shows e, claro, o sofrimento das famílias que perderam seus amores.


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Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor e do blog Eliane de Lacerda. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para:thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.












quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Sobre o desastre ambiental em Minas Gerais (Por Thiago Muniz)

Esta sopa de lama tóxica que desce no rio Doce e descerá por alguns anos toda vez que houver chuvas fortes e irá para a região litorânea do ES, espalhando-se por uns 3.000 km2 no litoral norte e uns 7000 km2 no litoral ao sul, atingindo três UCs marinhas – Comboios, APA Costa das Algas e RVS de Santa Cruz, que juntos somam uns 200.000 ha no mar.

Os minerais mais tóxicos e que estão em pequenas quantidades na massa total da lama, aparecerão concentrados na cadeia alimentar por muitos anos, talvez uns 100 anos.

RVS de Santa Cruz é um dos mais importantes criadouros marinhos do Oceano Atlântico.

1 hectare de criadouro marinho equivale a 100 ha de floresta tropical primária.

Isto significa que o impacto no mar equivale a uma descarga tóxica que contaminaria uma área terrestre de de 20.000.000 de hectares ou 200.000 km2 de floresta tropical primária.
E a mata ciliar também tem valor em dobro.

Considerando as duas margens são 1.500 km lineares x 2 = 3.000 km2 ou 300.000 ha de floresta tropical primária.

Vocês não fazem ideia.

O fluxo de nutrientes de toda a cadeia alimentar de 1/3 da região sudeste e o eixo de ½ do Oceano Atlântico Sul está comprometido e pouco funcional por no mínimo 100 anos!

Conclusão: esta empresa tem que fechar.

Além de pagar pelo assassinato da 5ª maior bacia hidrográfica brasileira.

Eles debocharam da prevenção e são reincidentes em diversos casos.

Demonstram incapacidade de operação crassa e com consequências trágicas e incomensuráveis.
Como não fechar?

Representam perigo para a segurança da nação!

O que restava de biodiversidade castigada pela seca agora terminou de ir.

Quem sobreviverá?

Quais espécies de peixes, anfíbios, moluscos, anelídeos, insetos aquáticos jamais serão vistas novamente?

A lista de espécies desaparecidas foram quantas?

Se alguém tiver informações, ajudariam a pensar.

Barragens e lagoas de contenção de dejetos necessitam ter barragens de emergência e plano de contingência.

Como licenciar o projeto sem estes quesitos cumpridos?

Qual a legalidade da licença para operação sem a garantia de segurança para a sociedade e o meio ambiente?

Mar de lama... mas não seria melhor evitar que a lama chegasse ao mar?

Quem teve a brilhante ideia de abrir as comportas das barragens rio abaixo em vez de fechá-las para conter a lama e depois retirar a lama da calha do rio?

Quem ainda pensa que o mar tem o poder de diluição da poluição?

Isto é um retrocesso da ciência de mais de 1 século!

Sendo Rio Federal a juridição é do governo federal portanto os encaminhamentos devem serem feitos ao MPF.

Palavras de André Ruschi (filho de Augusto Ruschi)
Estação Biologia Marinha Augusto Ruschi
Aracruz, Santa Cruz, ES

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A dimensão dessa tragédia é assustadora. Danos ambientais são irreversíveis.

Na minha ignorância eu pensei exatamente isso.

Uma barragem de proteção para casos de rompimentos. Muito lógico!! 

Por que não se prevê nada neste país? 

Por que se colocam pessoas desqualificadas em funções de tanta responsabilidade? 

Existem instruções de segurança a serem seguidas já adotadas em outros países com sucesso, e por que não se aplicam aqui? 

Temos inúmeras mineradoras, teremos medo daqui pra frente. E isso basta? Ter medo? 

Onde está esse governo, onde estão os ministros? Queremos vê-los e ouvi-los! 

Mas, estão ocupados, entregando uma dúzia de casas a mando do ex que só pensa em engambelar o povinho humilde e analfabeto desta terra infeliz.

O Ministério Publico Estadual já está tomando medidas, tem promotores de justiça no local, acompanhando, gente que mora e conhece a região, já tem ação civil publica cautelar, com medida deferida, para que a empresa adote medidas, a fim de que o poder publico não tenha que arcar com custos das operações.

Como a justiça no Brasil é falha, não haverá punição para os causadores desta tragédia. Serão punidos somente os que perderam tudo. Jamais receberão de volta seus lares, suas pequenas hortas, plantações, animais que criavam com amor e em muitos casos serviam como sustento. A vida pacata dos pequenos distritos onde tudo era familiar. Isto sem contar filhos, maridos, parentes queridos que jamais voltarão.

Muito provavelmente técnicos ambientais, devidamente "pagos" pelo governo irão fazer testes periódicos e afirmar categoricamente que nenhum desses locais ficou contaminado, que não há nada errado com a fauna e flora marinha, que tudo continua como se nada tivesse acontecido. Vergonha!!

Rejeito de mineração funciona como ‘cimento’, e vai acabar com a pesca em grande parte da calha do rio, segundo Marcus Vinícius Polignano, coordenador do Projeto Manuelzão.

Os danos ambientais em consequência do rompimento da barragens de rejeitos na localidade de Bento Rodrigues, em Mariana, serão permanentes e vão acabar com a pesca em parte dos rios Guaxalo do Norte e Rio do Carmo, que desaguam no Rio Doce.

O próprio Rio Doce, por sua vez, também pode ser afetado pelo grande volume de lama de rejeito da mineração, e terá a vida aquática comprometida.

Esse material é inerte, e nele não nasce praticamente nada. Ele recobre o leito e as reentrâncias e pedras do fundo do rio, mudando radicalmente todo o ecossistema”, destaca.

O resultado da camada de ‘cimento’ sobre o rio é que, além de matar peixes, algas, invertebrados, répteis e tudo o que recobriu, a lama acaba com os locais onde estas espécies se abrigavam e reproduziam. Buracos em pedras, altos e baixos do rio são aplainados e recobertos com o material viscoso.

O leito do rio se torna praticamente estéril.

E agora, onde está o governador de Minas Gerais, os senadores de Minas Gerais ???? Não estão nem um pouco preocupados com esse impacto.

A mineradora Samarco, joint venture da Vale com a australiana BHP Billiton, teve um lucro líquido de R$ 2,8 bilhões em 2014. Ou seja, limpinhos!

Como se sabe, o Brasil é uma “mãe” para as mineradoras. A Agência Pública fez uma reportagem interessante a respeito, quando Marina Amaral perguntou: Quem lucra com a Vale?

O “pai” das mineradoras é Fernando Henrique Cardoso. Em 1996, com a Lei Kandir, isentou de ICMS as exportações de minérios!

O que aconteceu com a Vale, privatizada a preço de banana, é o mesmo que se pretende fazer com a Petrobras: colocar a empresa completamente a serviço dos acionistas, não do Brasil.

O que isso significa?

Auferir lucros a curto prazo, custe o que custar.

A questão-chave está no ritmo da exploração das reservas minerais.

Num país soberano, o ritmo é ditado pelo interesse público. É de interesse da população brasileira, por exemplo, inundar o mercado com o petróleo do pré-sal, derrubando os preços? Claro que não.

Quem lucra, neste caso, são os países consumidores. Os Estados Unidos, por exemplo. Portanto, quando FHC privatizou parcialmente a Petrobras, vendendo ações na bolsa de Nova York, ele transferiu parte da soberania brasileira para investidores estrangeiros. Eles, sim, querem retorno rápido. Querem cavar o oceano às pressas, até esgotar o pré-sal.

É a dinâmica do capitalismo!


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quarta-feira, 4 de novembro de 2015

O Brasil está à venda para as multinacionais (Por Thiago Muniz)

Não paramos de vender nossas empresas.

Hoje anunciaram a venda, ainda parcial, da Hypermarcas. 

Para que vendemos? 

Para cobrir nossos déficits em conta corrente, e, em seguida, passarmos a transferir bilhões e bilhões de dólares para suas matrizes. Mas as empresas multinacionais não são boas para o país? Não trazem elas o capital de que tanto necessitamos, de forma que com o aumento da produção e das exportações, podemos pagar seus lucros e ficarmos nós com os empregos? É isto que seus economistas e os economistas liberais brasileiros nos dizem. E acreditamos.

Eles começam nos dizendo que devemos ter déficits em conta corrente, porque eles são "poupança externa" que se soma à poupança interna e aumenta o investimento total do país. Não é verdade. Em primeiro lugar, NÃO devemos ter déficits em conta corrente, porque eles implicam uma taxa de câmbio mais apreciada, que desestimula o investimento, e, portanto, implica uma alta taxa de substituição da poupança interna pela externa; o que o financiamento do déficit afinal faz é financiar consumo, não investimento. 

Segundo, quando um país tem doença holandesa (uma apreciação de longo prazo da taxa de câmbio causada pela exportação de commodities), como é o caso da maioria dos países em desenvolvimento (exceto os países do Leste Asiático, que já se tornaram ou estão se tornando desenvolvidos), é fácil demonstrar que, para neutralizá-la, colocando a taxa de câmbio no lugar certo, ele deve ter um superávit, não um déficit, em conta corrente.

Logo, embora tenhamos falta de capitais, nós não precisamos de capitais externos porque eles afinal financiam o consumo, não o investimento, e representam um alto custo para o país.

Mas por que acreditamos? Porque o Império tem um grande "soft power", uma forte hegemonia ideológica - uma grande capacidade de persuasão - graças a várias coisas. Primeiro, porque os países que o constituem, comandados pelos Estados Unidos, são os países ricos que gostaríamos de ser. E nos sugerem que, para isso, devemos fazer o que eles nos recomendam, adotando o liberalismo econômico, embora, quando eles estavam no mesmo nível de desenvolvimento do Brasil, há muito tempo atrás, eles adotassem uma estratégia desenvolvimentista que eles hoje condenam. 

Segundo, porque, nossos economistas mais importantes são quase todos formados em suas universidades. Terceiro, porque nossas elites são dependentes, preferindo se aliar às elites dos países ricos, ao invés de se aliar o nosso povo. Quarto, porque nossos políticos são populistas, pensam no curto prazo, e percebem que podem se reeleger mais facilmente com uma taxa de câmbio apreciada. Quinto, porque mesmo nos intelectuais e políticos nacionalistas não conhecem o que estou afirmando, e, portanto, não são capazes de fazer a crítica ao crescimento com déficits em conta corrente e financiamento externos. Sexto, porque nosso povo é ingênuo e aceita o benefício no curto prazo - o aumento de sua capacidade de consumo - não sabendo quão caro lhe custa essa ingenuidade e essa preferência pelo consumo imediato.

Mas isto não significa que eu seja contra as multinacionais.

O que eu sou profundamente contra é aos déficits em conta corrente que nos fazem "precisar" das multinacionais. 

A China, que tem sempre superávits em conta corrente, recebe multinacionais. 

Mas não para financiar déficits e apreciar o câmbio, e, sim, para aumentar suas reservas ou então para completar o financiamento dos seus próprios investimentos diretos, que hoje são quase tão grandes quanto aqueles que a China recebe.

No Brasil dose compra se for parcelado, cada vez mais estamos endividados.

O consumismo só vale em países de primeiro mundo, aqui não se tem tudo que precisa e se tem não tem qualidade se troca rápido e não se ganha pra tanto. Quando termina de pagar um divida tem mais duas esperando.

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terça-feira, 13 de outubro de 2015

O segredo da impunidade de Eduardo Cunha (Por Thiago Muniz)

Os mais puros, diante dos fatos acachapantes das últimas semanas, se perguntam: como alguém como Eduardo Cunha pode fazer uma carreira com tamanhas delinquências ao longo de tantos anos?

A resposta é um retrato do Brasil.

Os americanos, na Guerra Fria, se referiam a ditadores que os apoiavam de uma maneira abjetamente pragmática.

São os nossos ditadores.

Eles matavam, perseguiam, torturavam – e eram mantidos no poder pelos líderes do “Mundo Livre” porque eram seus ditadores.

E então.

Na visão da plutocracia, Eduardo Cunha é um dos nossos corruptos.

Exatamente como Ricardo Teixeira, para ficar num caso. Teixeira cansou de roubar na CBF. Mas era amigo da Globo, e portanto da plutocracia, e então teve vida fácil no Brasil.

Ninguém o aborrecia com coisas como honestidade.

Eduardo Cunha se iniciou com PC Farias, o tesoureiro de Collor. Com ele aprenderia a arte de arrecadar – vital depois para patrocinar campanhas de políticos menos talentosos naquilo.

Depois, por indicação de PC Farias antes do fim da era Collor, foi ser presidente da Telerj.

Naquele posto a parceria com os plutocratas ganharia músculos.

Cunha facilitou a vida da NEC, uma empresa de telefonia controlada pela Globo.

Pronto. Deu o passo essencial para se tornar um intocável.

A Globo é uma espécie de mantenedora dos nossos corruptos. Se, como Ricardo Teixeira e Eduardo Cunha, você está protegido por ela, tem licença para fazer muita coisa.

Você não vai aparecer no noticiário. E protegidos da Globo costumam ser também protegidos da Justiça.

Conte quantos amigos da Globo foram apanhados na Lava Jato. Aécio é um típico amigo da Globo: veja quantas vezes ele foi cobrado pelas suas conhecidas estripulias.

É um golpe perfeito.

Ou quase.

O problema é quando entram em cena coisas fora do controle da plutocracia brasileira, e portanto da Globo.

A polícia suíça, por exemplo.

Não fossem os suíços, correríamos o risco de ter Eduardo Cunha na presidência.

A plutocracia adoraria.

Desapareceria da mídia o noticiário obsessivo sobre corrupção, para começo de conversa, como ocorreu nos anos de ditadura militar.

E Eduardo Cunha comandaria uma agenda completamente a favor dos plutocratas.

Financiamento de campanha, que é a forma consagrada pela qual a plutocracia toma de assalto a democracia? Sim, sim, sim.

Regulação da mídia, que é como a sociedade se protege de abusos das grandes corporações jornalísticas? Não, não, não.

E assim seguiria o Brasil, o paraíso das iniquidades.

Mas apareceram os suíços, e a festa, para Eduardo Cunha, terminou em tragédia.

Não, no entanto, para os plutocratas que sempre dispensaram proteção.

Há muitos outros Eduardo Cunhas na política brasileira.

Aécio é um deles.

A plutocracia sabe que pode contar com Aécio.

Tem seus defeitos. Gosta muito da vida noturna, e é amigo de pessoas em cujo helicóptero pode aparecer meia tonelada de pasta de cocaína.

Mas tudo bem.

Na ótica dos donos do Brasil, é um dos nossos.

Como Eduardo Cunha.

Resumo da ópera da plutocracia: "os nossos corruptos são intocáveis". O dispositivo midiático-judicial não vaza coisa alguma a respeito dos amigos do peito; omite; esconde; disfarça; minimiza; dá o benefício da dúvida. No limite, quando o "trem" não tem como segurar, deixa placidamente adormecer em um gaveta para que os bem aquinhoados de bico usufruam do sagrado direito da prescrição. Perguntar cadê a mídia, no caso da prescrição do mensalão tucano, seria de uma ingenuidade abissal; indagar por que nunca deram divulgação para as estripulias do senador do Leblon, idem. O até ontem "intocável" Eduardo Cunha surfou sempre à vontade nessa onda generosa da plutocracia. Tomara que os setores progressistas da sociedade impeçam que ele, com a ajuda luxuosa do PSDB, do DEM, do PSB e do PPS, coloque fogo na democracia antes de ser defenestrado do poder.

... "Talvez nunca antes na história deste país" a 'ellite' nativa esteve tão literalmente nua!
E ô imagem tétrica, siô!
Falta absoluta de pudor nas 'ventas'!
Hipocrisia satânica escorrendo pelos rutilantes caninos vampirescos!
Toda a indignidade a acompanhar os perdigotos que saltam junto dos discursos criminosos!
Todo o mau cheiro expelido de uma pele sórdida, putrefata e imunda!
Intestinos miasmáticos rompem a gordura do disfarce e da ignorância intrínseca aos escroques mais vulgares
(...)
Uma lástima deplorável e abjeta!

Os Pilatos da esquerda brasileira

Ocorre algo estranho com certas análises de conjuntura alinhadas ao repertório progressista. Elaboram argumentos refinados sobre a crise política, fazem balanços críticos de um lado a outro, lamentam o fracasso da administração Dilma Rousseff e defendem utopias pós-modernas bacanas. A questão é que jamais denunciam de maneira clara e direta o projeto do impeachment.

Compreendo que os autores tentem se esquivar da tenebrosa pecha de petistas. Mas a maneira como o fazem dá a impressão de que, no fundo de suas boas almas acadêmicas, borbulha o mesmo antipetismo hidrófobo dos brucutus de camiseta amarela.

Pesquisando os repertórios da turma, vemos que a maioria apoiou Marina Silva nas eleições passadas. E, com algum motivo (mas também exagerando provincianamente o fato), odeiam a desconstrução que a candidata sofreu na disputa. Isso explica o ar blasé com que tratam a ameaça do golpe: “bem feito, Dilma, agora toma”.

O comportamento aparece em vastos setores da esquerda, principalmente no PSB e na própria Marina. Todos parecem aceitar que suspeitos de bandidagem, paus-mandados de coronéis e oportunistas filisteus derrubem uma presidente honesta porque ela manobrou recursos para manter programas sociais. Sem prejuízo final para o erário.

Sim, estão “preocupados”, continuam “democratas”, querem “justiça”. Convenhamos, porém, que tais pruridos são bastante modestos para gente que se diz libertária e que vive denunciando o pragmatismo conservador do PT.

Talvez respondessem que Dilma é igual a seus algozes. Mas, como vemos, tampouco essa esquerda antipetista se diferencia deles.






BIO

Thiago Muniz tem 33 anos, colunista dos blog "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor e do blog Eliane de Lacerda. Apaixonado por literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para:thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.